Toda boa conversa começa com uma pergunta simples demais para a resposta que carrega. Aquela veio no meio do jantar, quase despretensiosa, entre o pedido do prato e o barulho dos talheres.
— Por que você pensa tanto? Eu sorri antes de responder. Não por achar graça, mas porque sabia que não existia uma explicação curta. Pensar nunca foi algo que eu escolhi conscientemente.
Foi acontecendo. Primeiro como curiosidade, depois como ferramenta, até virar hábito. Uma extensão de todo o meu ser. Penso porque minha agenda vive cheia e minha cabeça se recusa a ficar vazia.
Cada compromisso carrega uma expectativa, cada reunião deixa um rastro, cada decisão pede consequência. Não é ansiedade apenas. É viver sabendo que o que eu faço atravessa mais gente do que só eu. Penso porque aprendi cedo que improvisar custa caro. E, ao longo do tempo, pensar virou uma forma de cuidado — comigo, com os outros, com o que ainda pode dar errado.
E o silêncio tomou conta depois da minha resposta, bem ali, entre a pergunta e a chegada do nosso prato.
(leia a crônica completa dia 26/12)
Comentários
Postar um comentário