Hoje finalizei o podcast De Saída: A Vida Fora da Internet, uma produção da Pachorra Felitti Áudios, Livros e Filmes, criada por Chico Felitti e co-roteirizada por ele e Beatriz Trevissan. De Saída é aquele tipo de podcast que você começa a ouvir por curiosidade, mas termina envolvido em reflexões profundas sobre a vida que levamos — dentro e fora do digital.
Se você tem seus 20 e poucos anos, é provável que já tenha assistido aos vídeos do canal Jout Jout Prazer. Eram vídeos sobre o cotidiano, que falavam de coisas simples de forma leve e acolhedora. Julia, a criadora do canal, fazia parte de muitos dos nossos dias. Mas, em um dado momento, ela simplesmente desapareceu da internet. Saiu de cena, sem grandes explicações. E é aí que esse podcast entra: para explorar não apenas os motivos por trás dessa decisão, mas também as transformações pessoais e existenciais que ela viveu.
Eu não estou aqui para julgar escolhas ou defender decisões radicais. Quero apenas compartilhar o que esse podcast despertou em mim: uma reflexão sobre o que significa viver num mundo onde estamos constantemente conectados, mas, paradoxalmente, nos sentimos cada vez mais sozinhos.
A internet se tornou mais do que um lugar para interagir; ela é uma vitrine de versões cuidadosamente editadas de nós mesmos. Escolhemos o melhor ângulo, ajustamos a luz, editamos as palavras. Criamos, sem perceber, uma narrativa idealizada da nossa própria vida. Não é a realidade, mas uma performance dela. Uma que esperamos que os outros aprovem, curtam, compartilhem.
E quanto mais consumimos as histórias perfeitas dos outros, mais sentimos que algo nos falta. É como se estivéssemos constantemente comparando nossa bagunça interna com a ordem externa exibida nos feeds. Passamos horas vendo reels, stories, e os momentos brilhantes de outras pessoas, enquanto deixamos de lado o essencial: as conexões reais, as imperfeições que nos tornam humanos e os momentos que não cabem numa legenda.
Ouvindo as palavras da Julia, percebi que esse incômodo não é só meu. Eu cresci com a internet, acompanhei cada fase — Orkut, Facebook, Instagram, TikTok. Trabalhando diretamente com ela, o tempo que eu dedicava à internet ia muito além do necessário. Não era só trabalho; era um vício em estar atualizado, em saber o que os outros estavam fazendo, em manter minha própria "vitrine" em dia.
Hoje, depois dessa reflexão, faço um adeus. Não à internet em si, mas a essa obsessão por mostrar a melhor versão de mim mesmo. Quero que o "eu" de 2025 use a internet de um jeito diferente: com mais propósito, mais autenticidade e menos pressão para parecer algo que não sou.
Até lá, queridos leitores. ✨
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