Quando fiz 17 anos, tive que lidar com um combo de infortúnios: racismo, perseguição, difamação e alguns outros preconceitos que vocês já devem imaginar, tudo de uma vez só e sem trégua. Lembro-me de ser a primeira vez que tentei coisas contra mim mesmo que jamais tentaria atualmente, e de me perguntar se eu sobreviveria. Bom, eu sobrevivi.
Quando fiz 18 anos, minha mãe passou por um dos piores momentos de sua saúde mental e eu tinha acabado de entrar na faculdade. Era muita coisa para assimilar, e mais uma vez me perguntei se eu sobreviveria. E como de costume, eu sobrevivi.
Quando completei 19 anos, lembro-me de ter sido tratado como lixo por pessoas das quais deveria receber o devido suporte. Lembro-me de me sentir perdido, sem direção, e de mais uma vez me questionar se eu sobreviveria. E eu sobrevivi.
Quando fiz 20 anos, a pandemia chegou. Todos os dias eu acordava me perguntando se eu sobreviveria, se minha família ficaria bem. E infelizmente, nem todos sobreviveram, e essa dor ainda está aqui, sobrevivendo comigo.
Quando fiz 21 anos, fui assaltado pela primeira vez. Me recordo de ir para casa com uma camisa rasgada e um rosto ensanguentado, me perguntando se eu sobreviveria à nova vida que eu estava construindo para mim. E eu sobrevivi mais uma vez. Mas, ainda com 21 anos, descobri que minha mãe estava com câncer. Era preciso recalcular a rota e descobrir novos meios de lidar com tudo que estava acontecendo.
E mesmo assim, com 21 anos, meu nome foi colocado à prova. Subverteram tudo aquilo que eu um dia ousei falar, se questionaram em minha frente: "Será mesmo que a mãe dele está doente?". Mais uma vez me perguntei se sobreviveria a tamanha coisa, e para a surpresa de muitos, eu sobrevivi.
Aos 22 anos, entrei em um poço sem fim. Vivi coisas que não precisava ter vivido, vi coisas que não precisava ter visto, e fui resgatado em mais um ato de sobrevivência por um grande amigo meu. E aprendi que às vezes a gente precisa ser salvo.
Com 23 anos, a maturidade chegou. Mas infelizmente, perdi uma das minhas melhores amigas na morte. E naquele momento, foi a primeira vez na minha vida que me questionei: "Por qual motivo eu estou sobrevivendo? Por quem eu estou aqui? Por qual motivo ela teve que ir e não eu?". E apesar de não ter as respostas concretas, eu ainda estou aqui e me entendendo.
No fim das contas, ao longo desses meus anos que conto como o "entendimento da vida adulta", vi e vivi muita coisa e aprendi uma coisa vital: independente da situação, eu vou sobreviver. Não importa como, não importa onde, não importa quando, eu sempre darei um jeito. E é o que eu tenho feito.
S2S2S2
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