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Mostrando postagens de setembro, 2025

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É falta de casa ou medo de crescer?

Tem dias em que a saudade bate de um jeito que não avisa. Vem silenciosa, quase tímida, como uma brisa que atravessa a fresta de uma janela esquecida aberta. Nessas horas, sinto falta da minha casa, não apenas do espaço físico, mas do abrigo emocional que ela representava. Sinto falta das paredes que se racharam, rachaduras que acompanhavam meu crescimento como cicatrizes, quase um mapa do meu próprio coração se partindo aos poucos. Sinto falta dos posters amassados dos artistas que fui descobrindo ao longo da vida, colados com fita dupla-face e sonhos. Eles eram mais do que decoração: eram um pedaço da minha identidade em construção. Cada imagem grudada na parede era um pequeno grito de quem eu queria ser, um fragmento da minha juventude se misturando ao reboco. Sinto falta, principalmente, do cheiro específico do café da minha avó em dias tristes. Era um aroma que não se confundia com nenhum outro, um perfume morno que tinha gosto de cuidado, de colo, de palavra certa no momento ex...

Somos feitos de carne e osso, carne e sal

*Conteúdo patrocinado Há artistas que cantam histórias. E há artistas que transformam histórias, sejam elas boas ou não, em poesia. IZA pertence ao segundo grupo. E hoje, às 21h, ela lançou “Caos e Sal” , sua nova canção e o título já anuncia o mergulho nas turbulências do mundo e na força que nos mantém de pé. Nos primeiros versos, IZA evoca aquilo que muitas vezes esquecemos em meio à correria do dia a dia: a voz dos ancestrais. E é nesse ponto que a música deixa de ser apenas canção e se torna ritual. Um chamado para lembrar que não caminhamos sozinhos, que a sabedoria que nos antecede segue sendo escudo contra as guerras visíveis e invisíveis. Caos e Sal fala de poder, mas não daquele poder que edifica. É o poder que se impõe pelo ego, pela guerra, pela tentativa de dominar. E ao mesmo tempo revela a maturidade de quem escolhe não desperdiçar mais energia em batalhas pequenas ou batalhas que só surgem para causar turbulência. O caos existe, mas há sal para curar e o sal, cons...

Pensamentos intrusivos de um domingo à noite

O nome desse texto é uma mentira descarada. Não estou escrevendo ele no domingo à noite, e sim no sábado. Aliás, domingo à noite é só uma metáfora para qualquer momento em que a gente sente que está ferrado: acabou o fim de semana, acabou a ilusão de que a vida é tranquila. Talvez você esteja lendo isso numa segunda entediada, com a cara enfiada na frente de uma planilha, fingindo que trabalha enquanto espera o relógio bater seis. E tudo bem. No fundo, tanto faz, eu não ligo. O calendário não serve para organizar nada, só para lembrar que estamos sempre atrasados para alguma coisa, para os outros, para nós mesmos, para a vida. E falando em atraso, meu humor anda um lixo. Sabe panela de pressão esquecida no fogo? Sou eu. Qualquer palavra atravessada e pronto, voa tampa, espalha feijão até no teto. E eu nem sei mais a quem culpar. Talvez a rotina, talvez os astros, talvez a quantidade absurda de café que eu bebo para me manter acordado em conversas que não me interessam. A verdade é que ...

Coisas que eu lembro em dias ruins

Em dias ruins, eu aprendi a encontrar refúgios. Olho para o céu e deixo que a imaginação brinque com as formas das nuvens, que parecem carregar histórias que só eu consigo enxergar. Cada contorno me mostra um novo desenho, um novo personagem, um novo enredo que distraem a mente e aliviam o coração. Penso nos aviões que, de longe, parecem pequenos pontos quase insignificantes, mas que, de perto, revelam sua verdadeira grandiosidade. E então eu me lembro de que, muitas vezes, a distância engana: o que parece frágil pode ser imenso, o que parece pequeno pode ser forte, assim como eu, que mesmo nos meus dias de silêncio e dúvida continuo sendo maior do que penso. Em dias ruins, eu recordo as orações da minha avó, que sempre acreditou em mim antes mesmo que eu tivesse coragem de acreditar. Guardo as palavras dela que ecoam como uma promessa: você pode ser tudo o que quiser ser. Lembro também do abraço apertado que me devolve ao mundo toda vez que nos encontramos, um gesto simples que carre...