Tem dias em que tudo desacelera e, mesmo sem pedir, a gente se vê dentro de uma espécie de silêncio do tempo. Como se o mundo lá fora ainda girasse no ritmo de sempre, mas, dentro da gente, algo tivesse colocado o pé no freio. Não tem alarde, não tem anúncio. Só chega. E aí sobra um intervalo entre uma obrigação e outra, entre um pensamento urgente e o próximo, entre a vontade de resolver tudo e a certeza de que nada vai ser resolvido agora. É nesse intervalo que mora o ócio, esse estado meio subestimado, quase sempre visto com culpa, como se não estar produzindo fosse, automaticamente, estar falhando. Mas e se não for? E se esses minutos em que o tempo se arrasta forem exatamente o que falta pra gente conseguir se ouvir de novo? Porque a verdade é que o tempo corre tanto que a gente começa a correr junto, às vezes até na frente, como se pudesse adiantar o que ainda nem chegou. E, nessa pressa de fazer tudo caber no dia, de transformar cada segundo em produtividade, de justificar a pró...