Eu passo muito tempo preso no “e se” das coisas. “E se isso não der certo?”, “e se o tempo não ajudar?”, “e se chover bem na hora errada?”. Vivo preso nesses pensamentos, como se minha mente estivesse sempre tentando prever o futuro, como se eu pudesse me preparar para tudo. Sou quase um planner ambulante — planejo, penso, repenso, antecipo cada detalhe. É como se, se eu conseguir prever tudo, talvez eu possa evitar a dor. Ou, pelo menos, diminuí-la. Até certo ponto, essa forma de pensar me ajuda. Organizo bem as coisas, raramente sou pego de surpresa. Mas o preço disso é alto. Sofro mais por antecipação do que nos próprios acontecimentos. Vivo cenas inteiras na minha cabeça antes que elas sequer comecem, e quando finalmente chegam, já estou tão desgastado que não consigo reagir. É como se eu já tivesse vivido aquele momento mil vezes, e nenhuma delas tivesse dado certo. Com o tempo, até o lado positivo se perde. Tudo vira uma simulação constante do pior. Às vezes me pergunto se todo m...