Mundo Poetizador

Sabe quando o despertador toca às 6h da manhã, você abre um olho só e pensa: “só mais cinco minutinhos…” ? Pois é. Parece que a vida inteira é isso. Um eterno soneca no despertador cósmico da existência. E se eu te dissesse que essa sensação não é só cansaço, é filosofia? Sim, senhoras e senhores: a vida é um sonho. E não fui eu quem disse isso primeiro. Platão, Calderón de la Barca, o bêbado da esquina que ignoramos, o Zeca Pagodinho (em algum momento, tenho certeza) já estavam nessa viagem muito antes da gente. Mas calma, não precisa sair por aí gritando que nada é real e largando tudo pra viver em uma Kombi na Chapada (a menos que esse seja o seu sonho, aí vai com tudo e poste fotos!). A ideia aqui é outra: será que a gente tá mesmo acordado nessa vida ou só seguindo o roteiro meio sonâmbulo? Pensa comigo: a gente nasce, estuda, trabalha, paga boleto, dá uma surtadinha no trânsito, reclama do preço da gasolina, posta uns stories sorrindo como se estivesse tudo bem… e dorme. Acorda. ...

"A fome ainda é o melhor tempero do mundo."   Essa frase, solta entre batidas e silêncios do novo álbum de Djonga, me fez engasgar. Fez morada na garganta. E aí entendi: esse disco não é feito pra descer fácil. Ele não é entretenimento, ele é ritual. Ele é oferenda quente no meio da rua — e quem conhece Exu, sabe do que estou falando. Quanto mais eu como, mais fome eu sinto é talvez o álbum mais inquieto e maduro de Djonga. Maduro não no sentido de conformado, mas exatamente o contrário: é a maturidade de quem já provou o gosto da vitória e descobriu que ela não mata a fome. É o trabalho de um artista que conhece o próprio poder, mas não se ilude com o sistema que o cerca. Um artista que ainda tem sede, que ainda tem raiva e que ainda tem uma missão. Musicalmente, o álbum mistura ritmos como quem joga pimenta na panela sem medo. Como se cada faixa fosse uma esquina onde tudo se encontra. A encruzilhada é o cenário perfeito. O lugar de Exu. Exu é o senhor dos caminhos, mas ta...

Já parou para pensar em quem você seria se não fosse você? Se não tivesse passado por aquela experiência difícil ou tomado aquela decisão? E seus pais, quem seriam se tivessem crescido sob outras circunstâncias, em outra realidade? Hoje, enquanto almoçava, me peguei mergulhado nesses pensamentos. Quem eu seria se minha trajetória tivesse sido diferente? Se não tivesse aprendido com meus erros, enfrentado desafios ou feito as escolhas que fiz? Há um fato incontestável: nenhum de nós escolheu nascer. Isso é um consenso. Ninguém pediu para estar aqui, neste tempo, neste corpo, neste emaranhado de circunstâncias. Ainda assim, aqui estamos. Às vezes, tudo parece um jogo aleatório (ou talvez não). Será que nossos antepassados também refletiam sobre isso? Será que, em meio à luta pela sobrevivência, tiveram tempo de se perguntar: "Quem eu seria, se não fosse eu?" Talvez nunca tenham feito essa pergunta. Talvez simplesmente aceitassem quem eram, sem espaço para imaginar outros caminh...